sexta-feira, 6 de maio de 2011

ENTREVISTA A MARGARIDA FONSECA SANTOS

A minha vida mudou quando decidi dedicar-me à paixão que é escrever. Comecei pela literatura infantil, depois segui para a juvenil, mas nunca deixei de escrever para adultos. Ensinar a escrita e contar as minhas histórias são as duas outras paixões.

Margarida Fonseca Santos


“Reconstruir as lendas” e “Avançar na sombra” são as obras que deram mote a esta entrevista feita pela Trinta Por Uma Linha à escritora Margarida Fonseca Santos.


1) Qual foi a sua inspiração para escrever estes livros?
Estes livros nasceram de uma insistência dos leitores do Reino de Petzet – os primeiros três livros foram construídos durante anos, com a paciência de quem constrói a sua história mais importante, não tenho dúvidas disso. Os leitores queriam que houvesse uma forma de saber como tudo começara – e aí nasceram estes dois livros. São, também eles, uma porta aberta para entrar no Reino de Petzet.
Aqui se encontram coisas que para mim são fundamentais – a força da amizade e entreajuda, o domínio da mente e o respeito pela mente dos outros, a coragem de assumir o que fazemos bem e que resulta em bem para os nossos semelhantes, enfim, aquilo em que acredito como pessoa. Podem dizer: mas não existe Fluxo de Energia na vida real. Mas eu respondo: Não? De certeza? Pois é, de certa forma, tudo o que aqui se conta pode e deve ser muito real!


2) Fale-nos um pouco das personagens Siri e do neto Siridgum, o que é que nos pode revelar?
Estas duas personagens, centrais nestes dois livros, dominam o uso do Fluxo de Energia como poucos, pois aprenderam a fazê-lo de forma natural na infância ou com mestres especiais. Siri é uma mulher ágil apesar da idade, muito lúcida e capaz de partilhar os conhecimentos que tem. Siridgum, que viveu com ela por morte dos pais, vai transformar-se aos poucos numa das peças fundamentais da Resistência à ditadura que reina em Petzet – é um rapaz forte, consciente, corajoso e muito, como direi… humano.


3) Uma das mensagens que pretendeu transmitir foi que as posses, as influências e as aparências não têm tanto valor quanto se possa julgar?
Se calhar, podemos dizer que não têm qualquer valor quando pensamos no valor da vida humana e na capacidade de viver bem com os outros. Não me preocupei em dizer que posses, influências e aparências eram menos importante, preocupei-me muito em mostrar o que para mim é importante na vida – amizade, lealdade, consciência.


4) Qual foi o seu objectivo ao criar esta história juvenil em torno da Resistência e do Fluxo de Energia? É uma espécie de apelo à união?
Se pensarmos bem, tanto a Resistência como o Fluxo de Energia podem estar presentes em cada minuto das nossas vidas. Basta ver como nos influenciamos uns aos outros com a nossa forma de ver as coisas, como potenciamos o que somos quando nos concentramos no que é fundamental para nós… A concentração, força, determinação e clareza estão à nossa espera a cada minuto, só é preciso aprender a fazer disso a nossa forma de viver.
A união entre as pessoas talvez seja o segredo de toda a Humanidade. Mas, que dizer em relação ao respeito das pessoas que não são como nós? Ou que pensam de forma diferente? Ou que escolhem outros caminhos? É uma aprendizagem enorme entender as diferenças e respeitá-las.


5) Qual tem sido a receptividade dos jovens quando vai às escolas e fala sobre esta colecção?
Ora aí está uma boa pergunta!
Um dia fui a uma escola onde uma turma tinha trabalhado estas obras. Foram quase 2h30 de conversa – queriam saber tudo e falar sobre o que tinham sentido ao ler.
Mas a verdade é esta: os leitores, quando lhes perguntam “porquê estes livros?”, sentem talvez algum embaraço… Como é que se fala nesta espécie de segredo? Fizemos um encontro de fãs e todos falámos do mesmo. Não se consegue dizer em duas ou três frases o que significa mergulhar nesta história!
Uma vez, com várias turmas da escola Jorge Peixinho, no Montijo, aconteceu uma coisa incrível. Ao virem pedir os autógrafos, os alunos foram-me agradecendo os livros (!), ou mostrando a parte que mais os tocara, ou dizendo que os livros tinham mudado a sua forma de pensar. Na última sessão, um rapaz pediu para falar e disse que tinham aprendido que é possível ter esperança nas coisas da vida. Pode calcular como me senti a seguir…


6) Estes livros são uma forma de conduzir os jovens a um treino mental que pode ajudar descodificar e estimular o imaginário deles? Que os vai guiar até ao lado B das histórias?
Claro! A ideia de chamar O lado B das histórias a esta colecção é mostrar que todos, sem excepção, podem treinar-se mentalmente para serem mais conscientes, mais calmos, mais observadores, mais tolerantes e mais sólidos como pessoas na sociedade.
Os exercícios que as personagens de Petzet fazem para se equilibrar ou entender experiências são técnicas que se usam no treino mental. Pena é que não se ensine isto desde os 10/11 anos…


7) O Reino de Petzet já conta com um site, um blog e uma página no facebook, como é que isto foi surgindo?
Sim, o mais importante é a página: http://www.petzet.margaridafs.net/ Esta página foi construída pelos leitores, sem eu saber. Um dia apanhei uma troca de mails entre eles que, sem querer, me desvendaram esta ideia. Quando me mostraram o que tinham feito, eu nem queria acreditar. O Tomás (que fez mesmo muito por esta saga!), a Raquel e o Rodrigo não param. E vamos conseguindo juntar cada vez mais pessoas que falam connosco. Está agora alojado na minha página pessoal, pois funciona melhor.
Digamos que o blog foi o primeiro, mas poucos o conhecem. A ideia era dar a conhecer o Reino de Petzet. Foi assim que me liguei a alguns dos fãs. O facebook foi uma necessidade, e acredito que tenha ajudado a fazer sair a história da sombra. O site transformou-se no ponto mais importante, pois quem lá for encontra tudo sobre todos os livros.


Para terminar ficam aqui alguns comentários que foram ficando registados e que ajudam a Margarida Fonseca Santos a continuar…


Este é o meu livro preferido, de toda a vida. Desde que o li, mais nenhum livro me prendeu. É mágico... Nem sei o que dizer... (Tomás)


A única coisa que me enerva é não ser mais rápida a ler...a curiosidade é tanta que tento sempre adivinhar o que vem a seguir!!! Saga fantástica... (Sofia)


Também são os meus livros preferidos! Sou doida por essa história! Já li esses livros por duas vezes! Quando começo já não consigo parar, é uma história emocionante.(Raquel)