sexta-feira, 25 de junho de 2010

A CASA DA LEITURA RECOMENDA...

A CASA DA LEITURA da Fundação Calouste Gulbenkian incluiu o livro “Amo-te” de João Manuel Ribeiro, com ilustrações de Ângela Ferreira, na sua "Montra" de títulos para “leitores autónomos” com a seguinte sinopse, assinada por Sara Reis Silva:

"Desde o início e pelo título e o subtítulo – «poemas para gritar ao coração» –, esta colectânea poética inscreve-se tematicamente num universo dominado pelas emoções e, muito particularmente, pelo amor. Sempre num registo sustentado pela comparação e pela metáfora, frequentemente de inspiração naturalista e espiritual, no paradoxo e num fortíssimo sensorialismo, assente, por exemplo, na adjectivação, os vinte e seis poemas aqui reunidos dão conta da pluralidade de sensações e de reacções desencadeadas pelo sentimento amoroso ou pelas alegrias e as tristezas, as dúvidas, as perdas e as vitórias que este motiva. Sem mastigar palavras e conceitos, por outras palavras, sem o recurso a lugares-comuns, tão habituais quando se ficcionaliza o tema em questão, estes breves textos poéticos ora elogiam a subtileza, a discrição, a contenção verbal ou a contemplação, ora testemunham uma espécie de «ousadia», de coragem confessional, de exaltação ou de exacerbação, de certo modo, reflectidas, por exemplo, em títulos como «Navio de Fogo», «Perdição», «Sismo», «S.O.S.», «Tsunami» ou «Ferimento». A evocação constante de um «tu», que é «navio de fogo», «onda do mar» ou «país de mel», imprime autenticidade afectiva a um discurso poético também perpassado por tópicos como a saudade, o afastamento, a solidão ou o desencontro amoroso."
Sara Reis da Silva

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A CASA GRANDE NA MALASARTES


No n.º 19 da Malasartes – Cadernos de Literatura para a Infância e Juventude, Gabriela Sotto Mayor escreve a seguinte recensão e nota crítica sobre o livro “A Casa Grande” de João Manuel Ribeiro e ilustrações de Ricardo Rodrigues:

"
Em A Casa Grande, João Manuel Ribeiro apresenta-nos um Manifesto de Cidadania em prosa, género pouco habitual no escritor, muito embora formalmente nos seja apresentado como se de um poema se tratasse.
Logo nas primeiras palavras percebemos como tudo começou: «um dia, um homem teve o sonho de construir uma Casa Grande, sem portas nem janelas» (p. 6), que a todos desse abrigo, indiscriminadamente. Nas páginas seguintes, esse espaço de utopia é descrito de forma acessível, simples e sensível e são enumeradas as condições de acesso e permanência num espaço tão especial. O escritor recorre à repetição da expressão «Na Casa Grande», em todos os inícios de mancha de texto, página a página, imprimindo ritmo, cadência e uma certa musicalidade ao seu manifesto. A sua costela de poeta transparece em muitos exemplos, mas escolhemos o que se segue porque nos conquistou de modo particular: «O perfume intenso do humano / encharca e regula as decisões / de cada cidadão da Casa Grande» (p. 23).
A publicação aborda temas plurissignificativos como as diferentes línguas, latitudes, culturas, cores e crenças religiosas, contribuindo assim para o alargamento dos horizontes dos leitores. Deste modo, ao considerar «pensamentos» e «qualidades» (p. 16) como características a contabilizar para se ser rico o escritor consegue ampliar o conceito de riqueza, por vezes ainda pouco abrangente, no imaginário dos mais novos.
O escritor apela aos pequenos leitores e «(ainda) […] meninos de verdade» (p. 5) à sua generosidade e humildade sugerindo a partilha de tudo, seja material ou imaterial, como acontece com os sentimentos amor, verdade e perdão estimulando-os à sua prática e proliferação. Convida-os a participar neste desafio que é o combate pela conquista de uma linguagem universal, nova e comum a todos aqueles que respeitam a diferença e a diversidade.
A colaboração de João Manuel Ribeiro e Ricardo Rodrigues transformou-se numa verdadeira parceria pela forma harmoniosa e cadenciada com que palavra (texto verbal) e imagem (texto visual) se conjugam e se fundem num só texto. As ilustrações de Ricardo Rodrigues, de uma forma particularmente feliz, recriam os momentos-chave do texto. Veja-se por exemplo a genialidade com que o ilustrador interpretou o crescimento/envelhecimento, (con)centrando-o numa só personagem, recordando o leitor de que «a idade não se mede em anos mas em intensidade» (pp. 30 e 31). Assim como o texto visual também contempla aspectos que a componente verbal não inclui, veja-se neste caso a ilustração onde é retratada uma cidadã da Casa Grande (p. 21) quando o texto refere tão-somente um cidadão masculino. A tensão da tradução e interpretação do ilustrador é geradora de outras leituras completando e enriquecendo a publicação. Ricardo Rodrigues socorre-se de uma linguagem plástica contrastante, utilizando a colagem (ainda que subtil) para a simulação de padrões de vestuário, prestando especial atenção ao detalhe formal de cada personagem criada, à interacção entre personagens e seus contextos, valendo-se de uma paleta de cores vibrantes, combinada com especial sensibilidade e bom gosto. Somam-se ainda os diferentes pontos de vista que se podem ler em cada página assim como na sequência de páginas imprimindo ritmo na leitura.
Nos livros ilustrados de literatura para a infância descobrimos um diálogo entre três linguagens diferentes: a do texto escrito, a da ilustração e a do design gráfico. Neste caso, a linguagem visual (a ilustração em diálogo com o texto na paginação), longe de limitar as hipóteses de leitura da linguagem escrita, colabora com ela, de maneira cúmplice, para a construção de sentidos plurais. É disso um bom exemplo a leveza e poesia que podemos sentir, também visualmente, pelas opções de translineação adoptadas e de colocação do texto na página, responsabilidade assumida pelo designer.
O resultado desta (evidente) colaboração a três mãos é um livro sinérgico de fruição fluida, rico de informação cromática e formal diversificada, ao mesmo tempo organizado de modo expressivo, variado e, por isso, equilibrado.
A Casa Grande é um álbum metafórico onde se pode aprender a ser um maiúsculo cidadão que sonha sem medo de envelhecer e vive com intensidade.
Resta apenas desejar que os seus leitores abracem este manifesto e façam dele a sua bitola."

sábado, 5 de junho de 2010

ENCONTRO DE LEITORES

Numa organização conjunta do Colégio Terras de Santa Maria e da Trinta Por Uma Linha decorreu na passada segunda-feira um encontro de Alunos Leitores do 2.º e 3.º Ciclos, no Cine Teatro António Lamoso, em Santa Maria da Feira, que leram e “trabalharam” livros da Trinta Por Uma Linha, a saber:
- O Nó dos Livros (de Margarida Fonseca Santos e Gabriela Sotto Mayor)
- A Casa Grande (de João Manuel Ribeiro e do Ricardo Rodrigues)
- A Mala Rápida do Senhor Parado (de Rui Almeida Paiva e Sónia Borges)
- Gémeos (de João Manuel Ribeiro e da Helena Zália)
- Poemas para Brincalhar (de João Manuel Ribeiro e da Anabela Dias)
- O Pastor de Ventos (de António Cabrita e Sónia Borges)
- Amo-te: Poemas para gritar ao coração (de João Manuel Ribeiro e da Ângela Ferreira)
- Raras Aves Raras (de João Manuel Ribeiro, dos alunos do Externato Paraíso dos Pequeninos, do Colégio Terras de Santa Maria e Gabriela Sotto Mayor).
Participaram neste encontro, para além dos alunos do Colégio Terras de santa Maria, alunos da EB 2/3 do Viso (Porto) e da EB 2/3 Alice Gouveia (Coimbra).
A partir dos livros enunciados houve encenações, manifestos, poemas, canções, etc. Especial destaque merece a apresentação de estreia dos temas musicais “A catatua de crista amarela” e o “Casuar” pelo Music’@arte (do Colégio Terras de Santa Maria).
A tarde foi de festa rija!