quarta-feira, 19 de maio de 2010

TRETALETRA NO SOLTA PALAVRA

No n.º 16 do Solta Palavra, Revista/Boletim do CRILIJ - Centro de Recursos e Investigação em Literatura Infantil e Juvenil - , acabadinho da sair, Manuela Maldonado escreve a seguinte recensão ao livro "Tretaletra" de Maria Helena Pires, com ilustrações de Elisabete Ferreira, editado pela Trinta Por Uma Linha:

Neste breve volume, como é próprio do texto poético que sugere mais do que diz, Maria Helena Pires constrói toda uma tessitura poética, de ritmos significantes, com incursão, por vezes, na moldura dos trava-línguas e das lengalengas, onde estão presentes os trocadilhos, a rima, o nonsense. No primeiro caso pode referir-se o poema que dá o nome ao volume “Tretaletra”; no terceiro, “Tradicional”. De outras composições. Porém, escorre poesia integral como “Figueira do meu Encanto”, “Fios de Palavras”, “Retalhos de leitura”, em que os vários códigos se inscrevem no dizer o indizível, na captação do primordial.
A ilustradora, Elisabete Ferreira, concebeu um código icónico que interage com o da escrita ao desenhar seres longilíneos, de tipo cinésico, com umas cabeleiras enormes a flutuar ao vento. O cabelo é a cobertura da cabeça, a sede pensante donde as ideias borbotam e onde também estão sediados o sentir e o imaginar. Os cabelos longos que aparecem em movimento funcionam como propulsores dessa intimidade cerebral, afectiva, imaginativa a que as cores atribuídas acrescentam significâncias. Interessante é o facto de, em quase todas as situações, os ouvidos estarem a descoberto ou não fosse a poesia um texto essencialmente para ouvir que, à sua maneira, é a música dos fonemas.
A designer, Anabela Dias, interpreta na perfeição os dois códigos em presença, chegando até a combinar, na página, a cor dominante dos cabelos com a dos grafemas.
A partir dos 8 anos